O mês de fevereiro contabilizou um saldo de 2.494 mil novos empregos com carteira assinada no Paraná, dos quais 721 (cerca de 30%) ficaram concentrados em Curitiba. Ainda que esses números sejam sinais de recuperação principalmente nas empresas de serviços e da construção civil, o saldo geral dos últimos seis meses – quando a crise financeira chegou ao Brasil – ainda acumula o fechamento de 22,5 mil empregos. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), vinculado ao Ministério do Trabalho.
Desde a instauração da crise, o mês de setembro fechou com um saldo ainda bastante positivo na criação de empregos (17,4 mil), mas outubro já apresentou desaceleração (6 mil). O fechamento de vagas começou a ocorrer em novembro, enquanto em dezembro ocorreu o fechamento de 50 mil vagas no estado. A partir de janeiro alguns setores interromperam os cortes, mas a indústria de transformação e a agricultura ainda não pararam de demitir – inclusive intensificaram as dispensas frente a janeiro (veja infográfico).
A indústria fechou 1,8 mil vagas em fevereiro, principalmente no setor metal-mecânico. A expectativa é de mais cortes no decorrer dos próximos meses, pelo menos até maio, de acordo com Roberto Karam, presidente do Sindimetal, sindicato que representa as empresas desse segmento. “Tivemos uma reunião com a diretoria do sindicato e as estimativas apontam para demissões de mais 200 a 300 funcionários a cada mês”, afirmou. Em fevereiro, o setor respondeu por aproximadamente 1,2 mil demissões no estado, sendo 750 na região metropolitana de Curitiba, segundo o Caged.
O motivo dos cortes, de acordo com ele, foi o esgotamento das propostas de férias coletivas, banco de horas e de suspensão de contrato de trabalho, principalmente em médias e pequenas empresas. Ainda segundo Karam, as empresas continuam demitindo porque várias já pegaram empréstimo nos bancos para pagar salários. “Fizeram financiamento com a expectativa de retomar a economia em pouco tempo, mas com a falta dessa perspectiva estamos trocando os empregos por juros”, afirmou.
Questionado sobre o aumento nas demissões da agropecuária, o secretário de estado da Agricultura, Valter Bianchini, afirmou que desconhece fenômenos do campo diferentes da oscilação habitual, apesar de admitir preocupação com o setor sucroalcooleiro. “O mercado da cana está com vários sinais de alerta, mas nas próximas semanas entra o novo ciclo de colheita, e pode dar sinais de recuperação”, afirmou.
“Nas outras atividades, apesar do valor baixo dos preços dos produtos, não percebemos nada que ateste que a crise se instaurou pelo campo”, adicionou Bianchini. Outro motivo de otimismo, segundo ele, ocorreu após sinais de recuperação de preços na avicultura a partir de março e na suinocultura com melhora nas exportações de janeiro e fevereiro.
Crédito: Site do Jornal Gazeta do Povo